"Esta é uma altura de grande cansaço, as vitaminas ajudam"

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Perdem o sono, dobram a fome e estudam dias e noites a fio. São candidatos ao ensino superior, estão concentrados na ideia de "tirar bons resultados" e ansiosos pelo dia em que as colocações serão divulgadas. O DN rompeu o plano de estudos de cinco jovens e conversou com eles sobre stress, desânimo, depressão e cansaço.

Ana raquel.Com um curso de Medicina no horizonte, não pode pensar em sair com amigos ou dormir até tarde em semana de exames. "Mal fiz o último teste, preparei um plano de estudos com horas a mais, porque já sabia que não ia conseguir cumprir à risca", conta. Inventou uma rotina, que começa às 10.00 e termina à meia-noite, e só é interrompida "por intervalos para comer, que não podem ser muito grandes, porque fazer grandes paragens não ajuda".

Ana Raquel começou a tomar vitaminas três meses antes do primeiro exame. "É bastante vulgar o uso destes suplementos, principalmente entre pessoas que querem ir para Medicina", diz. Apesar de achar que "é tudo um bocado psicológico", não lhes resistiu. "Esta é uma altura de grande cansaço e as vitaminas ajudam", explica.

Bernardo moreira. Matemática é a sua única preocupação e fonte de stress. O curso de Gestão Empresarial a que se vai candidatar não exige uma média difícil de atingir, pelo que não se sente muito nervoso. "Durmo menos, levanto-me mais cedo, mas não alterei muito mais do que isso na minha vida para os exames", afirma. Tem definidos um "turno da manhã e outro da tarde" para se preparar para as provas e cumpre-os sozinho, num quarto cuja ordem é posta em causa por dezenas de livros e folhas de apontamentos. De olhos postos na segunda fase de exames, tem uma certeza "Quero mesmo entrar."

Marisa gomes. Quando sentiu que acordava mais cansada do que quando se deitava, percebeu que estava "uma pilha de nervos". Decidiu começar a tomar vitaminas. Sentia-se "cansada, mais sensível às coisas e com mau feitio". Atribui tudo à ansiedade criada pela chegada dos exames, anunciada desde o primeiro dia de aulas do 12.º ano. Mas um ano de estudo deixa marcas "Não tenho sentido muito rendimento, sinto-me cansada."

pedro santos. A licenciatura que há-de fazer ainda não está escolhida. Depende da classificação que conseguir obter no exame de Matemática. A incerteza quanto ao futuro causa stress, e Pedro dorme menos horas e não consegue sequer fumar o cigarro que já era ocasional - "é que agora nem para isso há tempo". Sente-se mais nervoso em determinadas provas e recusa admitir que "os alunos de Medicina se preocupem mais do que os outros com os exames". Aluno do agrupamento de Economia, não espera facilidades nesta fase "decisiva".

Ana sofia. "Os meus dias são passados em casa a estudar, tenho de fazer um certo plano de estudo, para não ficar matéria por ler", diz. Para não stressar, concilia esse tempo com outras actividades, ou "entrava em pânico". Substitui as vitaminas por doces "Gosto é de comer mais guloseimas, são boas para a concentração, principalmente o chocolate e as pastilhas."

Sua das mãos e sente "um aperto no estômago até ver a prova". O facto de saber que tem de ter boas notas para entrar na universidade que deseja inquieta-a. "Se não entrar para Medicina, vou sentir-me um pouco frustrada, porque passei o ano a esforçar-me", diz. A ansiedade é óbvia "Basta-me um deslize e está tudo acabado." Para Ana, a pressão dos pais pode ser determinante na atitude que os alunos têm face aos exames, "e pode resultar facilmente em depressão".

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